19 novembro 2008

Irlanda, dia 1 (mas iam sendo mais)

Ontem foi mais um dia de aventuras.

Ida para Dublin. Mais um país a descobrir. Mas a descoberta ia sendo mais demorada do que o inicialmente previsto. Não conheci practicamente nada de Dublin a não ser as ruas que me levaram do aeroporto à reunião e da reunião ao aeroporto. E o rio. Dublin pareceu-me uma Londres mais escura, mais pobre e mais triste. Nota-se a cultura britânica na questão do pormenor, mas que não é tão detalhado e tão cuidado como na vizinha ilha. Novamente num país bilingue, tudo está escrito em Inglês e Gaélico e os pubs são todos, por condição, Irish. Mas não entrei em nenhum. Falta de tempo e oportunidade.
O tempo também não ajudava. Cinzento mas a abrir. Quando regressei já as nuvens quase que tinham deixado de existir. Mas o frio era muito. Suficiente para me deixar com as mãos e pés gelados. Mas a aventura estava reservada para a parte final da viagem. No regresso para o aeroporto, um taxista muito simpático com quem fui falando amíude sobre o que estava a fazer na Irlanda, a minha actividade, a da Empresa, a recessão... E sempre preocupado em levar-me a horas para o aeroporto. No final, ainda me deu um cartão para falar com ele caso regresse à Irlanda.

Saí do taxi com o BI na mão e dirigi-me logo para o check-in. Distava cerca de 40/50 metros da porta de entrada do aeroporto. Quando lá cheguei, pego nos documentos, mas.. onde está o meu BI? Pânico. Estava com ele na mão... Procuro na carteira, bolsos do casaco, das calças, mala do computador, todo o lado. Estava perdido... Eram quase 17h e tinha até às 17h30 para fazer o check in e embarcar. Volto para trás, procuro no chão, vou aos caixotes de lixo. Nada. Pergunto onde são os perdidos e achados e mandam-me para o andar de baixo, uma esquadra da polícia do aeroporto. Nada. Ninguém sabe de nada. Mas tinha sido à 10 minutos, era dificil alguém já lá ter ido. Volto para o aeroporto, desta vez para as informações. O resultado era igual. Nada.

Regresso ao balcão da Iberia, e tento por tudo que me deixem voar à mesma. Com outro documento. Só tinha a carta de condução.. Mas dizem-me que não é permitido voar para Espanha sem BI ou passaporte. Mas que talvez uma declaração da polícia em como o tinha perdido ajudasse. Ligou para uma colega mas a resposta foi negativa: Só com declaração da embaixada. É nestes momentos que é bom perceber que embora gostemos muito de ser uma “união europeia” isto só funciona mesmo para a economia. No resto continuamos a ser países sem qualquer tipo de entreajuda.A embaixada às 17h15 já está fechada. Porque existe para ajudar os cidadãos supostamente, mas passa mais tempo fechada do que aberta, que a vida de embaixador é dura.

Vou novamente à esquadra da polícia, para pedir uma declaração da perda do BI. Com isso na mão podia tentar suplicar e usar todo o meu espanhol para convencer a senhora da Iberia... Mas quando lá cheguei dizem que ali não têm juridisção e que teria de ir a uma guarda do estado. Que era fora do aeroporto.. “Onde termina a estrada” dizem-me. Mas fui lá à mesma. A pé e com o tempo a passar. Afinal não era tão longe como supus e às 17h25 estava lá a contar o que se tinha passado. Um irlandês simpático prontificou-se a ajudar, mas diz-me que teria de esperar 15 min para me ser atribuído um número de caso. 15 minutos ia me definitivamente fazer perder todas as esperanças. Foi o que lhe disse e ele respondeu que ia fazer os possíveis. Fez.

Às 17h30 saía da esquadra a correr. Volto ao balcão de check-in. Mas a resposta foi a mesma. Por mais que o gostasse de ajudar, não posso mesmo. Não o deixam entrar em Espanha...Desiludido, não tive outra alternativa se não ir pedir para trocar o vôo para o dia seguinte. À mesma hora, o que ia significar 24h de tédio entremeado com uma ida à embaixada, tratar de reservar um hotel sem documentos e voltar para a cidade onde se gasta 30 euros para ir e vir em taxi.

Com a viagem agendada para o dia seguinte, ligo ao meu chefe a informá-lo de que se estava a passar e que não ia poder estar presente nas reuniões de hoje em Lisboa. E é no meio da conversa que olho para o guichet de troca de dinheiro quando me vejo em formato tipo passe encostado ao vidro. Desliguei o telefone de repente e fui a correr ao check-in... Tinha acabado por passar por um dos momentos mais afortunados dos últimos tempos. E novamente mais um.

Mesmo já tendo passado 20 minutos do previsivel fecho do check-in, o avião atrasou-se e ainda não tinha chegado pelo que pude voltar a trocar o vôo e fazer tudo o que já devia ter feito. A sensação foi tão, tão, tão boa que é preciso passar por isto para perceber.E assim ontem ainda fui dormir a casa. Um dia que tinha começado tão bem não podia terminar mal... E desta forma ainda deu mais gozo. Mais sabor. E mais atenção nas próximas viagens.

3 comentários:

ana sofia santos disse...

nunca gostaste tanto de ver a tua cara ali encostada a um vidro....confessa :)
se lá voltares e alguém dizer "já vi a tua cara em qualquer lado", não é frase de engate"

Alexandr3 disse...

Ehehehe. Pois, não é de certeza! :)

Beltrão disse...

Realmente não tens mesmo cabeça.... perder um BI quando se está de viagem... ao menos que te roubassem!