Piu-piu

Há um ideal de felicidade que passa por ter uma casa no campo, ouvir os passarinhos a cantar quando se acorda e ver o sol a entrar pela janela...

Eu tenho quase tudo. Mas em mau.

Vivo num prédio. Até aí tudo normal. Quando fui para lá viver, a relva era regada todos os dias e cortada. As flores cresciam, e até tínhamos pequenos candeeios com luz, que dava um ar de condomínio de verão.
Agora a faixa de relva já está queimada e as flores agora são só arbustos. E esses arbustos estão junto às redes que separam o pátio do meu prédio da rua.

E são esses arbustos o local ideal para uma família de passarinhos fazer o seu ninho. Porque fizeram. E em má hora o fizeram. Má hora para mim claro.

Sempre que os ouço lembro-me das pessoas que gostam de acordar com o som dos passarinhos. Líricos...



Já não posso com os cabrões dos pássaros. Não é o acordar com eles que me chateia, mas o não adormecer. Se acordo de madrugada para ir a casa de banho e já há um mínimo de luz solar é certo e sabido que aqueles cabrões já não se calam.
A juntar a tudo isto, o chilrear que fazem é esganado. Não é um cantar de passaro bonito, que até podia ser apreciavel (na sua conta, peso e medida). Parece que estão sempre com fome, ou em aflição. Porra mais aos pássaros.

E estando ali tão perto da janela é difícil abstrair-me daquele som estridente e irritante.

Faz me arrepender, e muito, de nunca ter pedido uma espingarda pressão de ar pelo Natal.